Baby blues e depressão pós-parto são temas que precisam ser abordados com cuidado, escuta e empatia.
Afinal, o puerpério é uma fase da vida da mulher marcada por muitas transformações físicas, emocionais, psíquicas e sociais. É um momento intenso, em que a chegada de um filho traz não apenas alegrias, mas também dúvidas, angústias, mudanças na identidade e uma reorganização profunda de tudo o que antes era familiar.
É comum que muitas mulheres se sintam confusas e até culpadas por não estarem felizes, ou até mesmo se sentirem bastante tristes.
E é justamente por isso que precisamos falar mais sobre o que é esperado — e o que não é — nesse período. Entender a diferença entre o baby blues e a depressão pós-parto pode ser o primeiro passo para acolher o que se sente e buscar ajuda.
Baby blues: uma montanha-russa emocional
O chamado baby blues é uma reação emocional comum no pós-parto imediato que atinge a maioria das mulheres. Ele costuma aparecer nos primeiros dias após o nascimento do bebê e dura, em geral, de duas a três semanas.
É uma condição transitória e está relacionado às intensas alterações hormonais que ocorrem no corpo da mulher logo após o parto, além do cansaço extremo, das novas responsabilidades, da privação de sono e da adaptação à nova rotina com o bebê.
Trata-se de um período de instabilidade emocional em que a mulher pode apresentar episódios de choro sem motivo aparente, irritabilidade, ansiedade, insônia e sentimentos contraditórios em relação à maternidade.
É comum que, durante o baby blues, especialmente entre mães de primeira viagem, surja até mesmo um arrependimento em relação à nova vida. Essa sensação, embora dolorosa, tende a se dissipar com o tempo, abrindo espaço para o vínculo afetivo e a alegria de estar com o bebê.
Devemos ressaltar que o baby blues não é uma patologia, mas sim uma reação esperada diante de tantas mudanças.
Ainda assim, é uma vivência real, que merece escuta e acolhimento. O choro fácil, a insegurança, o medo de não dar conta, a sensação de estar sobrecarregada, tudo isso é legítimo e não diz nada sobre o amor na relação da mãe com o bebê. São emoções que, quando reconhecidas, tendem a se resolver com o tempo, apoio e redes de cuidado.
O puerpério e os desafios da nova rotina: é normal ainda estar se adaptando
O puerpério é esse período que se estende pelas primeiras semanas ou até meses após o parto, sendo um tempo de intensas transformações físicas, hormonais e psíquicas.
Mesmo depois que o baby blues passa, muitas mulheres se surpreendem ao perceber que a instabilidade emocional não desaparece completamente. Apesar da tristeza mais forte amenizar, ainda restam muitas questões para serem processadas.
Passadas as primeiras semanas após o parto, é comum que a vida ao redor da mulher pareça retomar seu curso: o apoio diminui, o parceiro volta ao trabalho, a rotina da casa se reorganiza.
Mas, para a mulher que acabou de dar à luz, nada voltou ao normal, pelo contrário, tudo ainda está se transformando. O corpo muda, o sono é fragmentado, as emoções oscilam, e o bebê demanda atenção constante.
Nesse contraste entre o mundo externo que segue e o mundo interno que ainda está em ebulição, podem surgir sentimentos de solidão, culpa, confusão e até a sensação de estar “parada no tempo”. Reconhecer esse descompasso é essencial para acolher, sem julgamentos, o que a mãe sente e dar espaço para que ela também seja cuidada.
Estar em processo de adaptação não significa estar fracassando, pelo contrário, mostra que você está vivendo algo profundamente humano.
Quando esse peso parece grande demais, buscar ajuda pode transformar essa experiência!
Contar com a rede de apoio (parceiro, familiares, amigas), contratar uma profissional para auxiliar com o bebê ou dividir essas angústias com uma psicóloga pode aliviar a carga emocional e trazer mais clareza e acolhimento nesse momento tão sensível e transformador.
Depressão pós-parto: quando o sofrimento se prolonga

Diferente do Baby Blues, a depressão pós-parto é uma condição clínica que exige atenção e acompanhamento profissional.
Ela pode surgir semanas ou até meses após o nascimento da criança e os sintomas são mais intensos e duradouros. A mulher pode apresentar tristeza persistente, apatia, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas, sentimento de culpa ou de incapacidade, dificuldades de vínculo com o bebê, irritabilidade constante, alterações no apetite e no sono, além de pensamentos negativos recorrentes.
As causas são multifatoriais. Aspectos hormonais, históricos de depressão ou ansiedade, experiências traumáticas anteriores, ausência de rede de apoio e expectativas irreais sobre a maternidade podem contribuir para o surgimento do quadro.
É importante lembrar que a depressão pós-parto não é sinal de fraqueza ou falta de amor pelo filho. Ela é uma resposta psíquica a uma vivência profunda, às vezes dolorosa, de transformação da identidade feminina.
Infelizmente, muitas mulheres demoram a procurar ajuda por medo de serem julgadas. Vivem o sofrimento em silêncio, acreditando que “vai passar”.
Mas quando não tratada, a depressão pós-parto pode afetar seriamente a saúde mental da mãe, o desenvolvimento emocional do bebê e as relações familiares como um todo.
A psicanálise como ferramenta de escuta e cuidado
A psicoterapia se mostra uma importante aliada nessa nova fase da vida da mulher. Procurar ajuda não é sinal de fraqueza, mas um gesto de coragem e cuidado consigo mesma.
Ao se permitir falar sobre seus medos, angústias, fantasias e contradições, a mulher pode encontrar um lugar de escuta sem julgamento, algo tão necessário quando o mundo à sua volta não necessariamente entende seus sentimentos.
A abordagem psicanalítica, adotada pela psicóloga Juliana Koury, parte da escuta singular de cada história. Não se trata de oferecer receitas prontas, mas de acompanhar cada mulher em seu percurso subjetivo, respeitando seu tempo, sua dor e seus desejos. Afinal, cada experiência de maternidade é única e é fundamental que ela possa ser vivida e elaborada de forma autêntica.
A psicoterapia pode ajudar a compreender os sentimentos ambivalentes, a desconstruir ideais inatingíveis da “maternidade perfeita”, a retomar o vínculo com o próprio corpo e a (re)construir uma nova identidade após o nascimento do filho.
É um processo de autoconhecimento e fortalecimento emocional, que pode contribuir não apenas para o bem-estar da mãe, mas também para o vínculo afetivo com o bebê.
Você não está sozinha!
Se você está passando por esse momento e sente que algo não está bem, saiba que há caminhos possíveis para atravessar esse período com mais leveza. Nem sempre é fácil falar sobre isso, mas você não precisa carregar tudo sozinha.
Estou disponível para te escutar, acolher e caminhar ao seu lado. Meu trabalho é pautado pelo compromisso com o cuidado ético e individualizado, valorizando a escuta atenta e o respeito à singularidade de cada mulher.
A maternidade pode ser repleta de desafios, mas também pode ser um tempo de reencontros, descobertas e reconstruções. Com apoio e acolhimento, é possível atravessar essa fase de forma mais consciente e com menos sofrimento.
Se você se identificou com os sentimentos deste texto, agende uma consulta, vamos conversar.
Falar sobre o baby blues e a depressão pós-parto é uma forma de romper o silêncio e fortalecer o seu maternar!