A vivência de pais separados pode marcar profundamente o mundo interno de uma criança.
A separação pode provocar mudanças emocionais, comportamentais e relacionais que variam conforme a idade, a personalidade e o contexto familiar.
Nesse cenário, a psicanálise oferece um espaço seguro e acolhedor para que a criança possa elaborar seus sentimentos, encontrar sentido no que está acontecendo e desenvolver recursos internos para lidar com a nova realidade.
Neste artigo, vamos explicar como a psicanálise compreende a vivência infantil diante da separação dos pais, quais são os benefícios desse acompanhamento e como o trabalho clínico pode apoiar a criança e a família nesse momento de transição.
Como a criança vivencia a separação dos pais na visão da psicanálise
Na psicanálise, entende-se que cada criança interpreta e sente a separação de forma única. Isso acontece porque cada sujeito tem uma história singular, vínculos afetivos próprios e maneiras específicas de lidar com perdas e mudanças.
O conceito de subjetividade é central, pois não é o evento em si que define o impacto emocional, mas sim a forma como ele é vivido e significado por cada criança.
Duas crianças, expostas à mesma situação, podem reagir de modos completamente diferentes: uma pode se mostrar resiliente e adaptável, enquanto outra pode apresentar sinais de sofrimento mais evidentes.
É por isso que o acompanhamento psicanalítico busca compreender a experiência a partir do olhar da própria criança, sem impor interpretações prévias ou minimizar seus sentimentos.
O papel da escuta psicanalítica no acolhimento da criança
A psicanálise oferece um espaço onde a criança pode falar, brincar e expressar seus sentimentos livremente.
O brincar, em especial, é uma das formas mais genuínas de comunicação na infância, pois permite que ela simbolize acontecimentos e emoções que não consegue traduzir em palavras.
Durante as sessões, o analista observa atentamente, acolhe as expressões e interpreta, quando necessário, os significados que emergem. Esse processo ajuda a criança a:
- Reconhecer e nomear sentimentos como tristeza, raiva, medo ou confusão;
- Entender que suas emoções são legítimas e podem ser acolhidas;
Elaborar fantasias e dúvidas, muitas vezes ligadas à culpa ou ao medo de abandono.
É fundamental que, nesse momento, as emoções infantis não sejam silenciadas ou minimizadas. Frases como “você vai se acostumar” ou “isso não é nada” podem reforçar a ideia de que o que a criança sente não é importante, prejudicando sua confiança para se expressar.
Quando buscar ajuda profissional para a criança
Nem sempre os sinais de sofrimento emocional são evidentes.
Algumas crianças se tornam mais retraídas, outras expressam seu desconforto por meio de comportamentos mais agitados ou até regressões.
O olhar atento é fundamental e recomendamos procurar acompanhamento psicanalítico quando houver:
- Mudanças bruscas de comportamento ou de desempenho escolar;
- Isolamento social ou dificuldade para interagir com outras crianças;
- Crises de choro frequentes ou irritabilidade intensa;
- Regressões, como voltar a fazer xixi na cama;
- Sintomas físicos recorrentes sem causa médica aparente (dores de cabeça, dores de barriga);
- Tristeza persistente ou falta de interesse em atividades antes prazerosas.
Vale lembrar que não é necessário esperar um problema “grave” para buscar ajuda.
O suporte psicanalítico também pode atuar de forma preventiva, ajudando a criança a atravessar o momento de separação com mais recursos emocionais.
O papel dos pais durante o acompanhamento psicanalítico

O envolvimento dos pais ou responsáveis é essencial para que o tratamento tenha bons resultados.
A psicanálise não substitui o cuidado e o afeto familiar, pelo contrário, ela fortalece a relação entre pais e filhos ao ajudar todos os envolvidos a atravessar da melhor forma a vivência da separação.
Algumas atitudes importantes incluem manter uma comunicação respeitosa diante da criança, evitando expô-la a conflitos conjugais; responder às suas perguntas de forma clara e adequada à sua idade; validar seus sentimentos, mostrando que é normal sentir tristeza ou raiva; e respeitar o tempo que ela precisa para se adaptar à nova configuração familiar.
Quando os pais participam das devolutivas e se mostram disponíveis e implicados nesse processo, o trabalho clínico tende a ter resultados mais positivos.
Benefícios da psicanálise para crianças com pais separados
O acompanhamento psicanalítico é um processo que não pretende retirar a dor e o sofrimento da criança, mas ajudá-la a identificar e compreender melhor o que está acontecendo à sua volta. Nesse momento difícil de mudanças, é esperado que todos os envolvidos atravessem um período de sentimentos intensos e adaptação às mudanças.
Nesse sentido, com tantas emoções à flor da pele, pode ser importante buscar um espaço de escuta da criança e seus pais, que possibilite a expressão dessas dores e a elaboração de suas vivências da melhor forma, ao mesmo tempo prevenindo ou lidando com os sintomas que possam aparecer ou até intensificar nesse momento.
Conte com a psicóloga Juliana Koury neste processo
No meu trabalho como psicóloga clínica e psicanalista, acredito que oferecer um espaço de fala é oferecer cuidado.
Minha dedicação inclui não apenas o acolhimento, mas também anos de estudo e especialização em psicologia, saúde mental e psicanálise, que me permitem realizar um trabalho de excelência.
Entendo cada sujeito como único, com sua história de vida, dores e angústias particulares. Por isso, busco sempre ter um olhar respeitoso, ético e atento às individualidades de cada paciente.
Ao atender crianças que enfrentam a separação dos pais, crio um ambiente seguro para que elas possam brincar, falar e, sobretudo, serem escutadas em sua essência.
Através da psicanálise, acompanho e apoio o processo de elaboração dessa experiência, ajudando a transformar dor em possibilidade de crescimento.
Se você percebe que seu filho está passando por dificuldades emocionais após a separação, ou se deseja oferecer a ele um espaço de escuta qualificada, entre em contato para agendarmos uma consulta!